Diferenças entre Emprego e Trabalho - Repercussões do Primeiro de Maio Ubá.
Diferença entre Trabalho e Emprego: No contexto atual, é essencial compreender a diferença entre trabalho e emprego, especialmente ao considerarmos a missão da pastoral operária em evangelizar o mundo do trabalho. Essa distinção é fundamental para abordar os desafios enfrentados pelos trabalhadores e para guiar as ações de transformação social e espiritual.
Trabalho vs. Emprego: Trabalho refere-se a qualquer atividade produtiva realizada por uma pessoa, seja ela remunerada ou não. Inclui desde tarefas domésticas até atividades voluntárias e artísticas. O trabalho é uma expressão da capacidade humana de transformar o mundo e de contribuir para o bem-estar social.
Emprego, por outro lado, é uma relação formal de trabalho, geralmente regida por um contrato entre o empregador e o empregado. O emprego é uma forma específica de trabalho, caracterizada por remuneração e direitos trabalhistas.
A maioria das pessoas associa as palavras trabalho e emprego como se fossem a mesma coisa, não são. Apesar de estarem ligadas, essas palavras possuem significados diferentes.
O trabalho é mais antigo que o emprego, o trabalho existe desde o momento que o homem começou a transformar a natureza e o ambiente ao seu redor, desde o momento que o homem começou a fazer utensílios e ferramentas.
Por outro lado, o emprego é algo recente na história da humanidade. O emprego é um conceito que surgiu por volta da Revolução Industrial, é uma relação entre homens que vendem sua força de trabalho por algum valor, alguma remuneração, e homens que compram essa força de trabalho pagando algo em troca, algo como um salário.
Na era do capitalismo, pouco a pouco, foi-se reduzindo o trabalho humano ao emprego, tornando quase impossível o exercício social do trabalho que não se enquadre em suas regras.
Desafios do Mundo do Trabalho: A pastoral operária tem como missão evangelizar não apenas os trabalhadores, mas também os padres que desconhecem a realidade do mundo do trabalho. Isso implica em abordar questões que vão além da tradicional relação entre patrão e empregado.
Laudato Si' não fala sobre patrões ou trabalhadores, como faziam as encíclicas sociais anteriores. Fala de um paradigma tecnocrático que sustenta a “cultura do descarte” (LS 20, 43), e leva a uma crise ecológica onde as primeiras vítimas são os pobres, que passam de explorados a trabalhadores descartados e vivem nas áreas mais vulneráveis (LS 45, 158).
O que funcionou no século XX – os sindicatos, por exemplo – não funciona mais no século XXI, simplesmente porque os trabalhadores desempregados não podem se organizar nessas condições de isolamento.
A causa do desemprego, segundo Laudato Si', não é a pobreza nem a tecnologia, mas o paradigma tecnocrático que sustenta uma cultura de descarte.
Nunca houve tanta riqueza produzida como agora, mas também não foi tão concentrada com impunidade; isso supõe uma percepção de riqueza sem questionamento moral.
A riqueza hoje é percebida como boa e decente, e a pobreza como um castigo para a indecência – é assim que a nova Teologia da Prosperidade a enuncia na América Latina, que no Brasil, por exemplo, levou Bolsonaro ao governo.
Principais Problemas:
Desemprego: A falta de oportunidades de emprego é um dos maiores desafios, levando inúmeras pessoas a enfrentar dificuldades financeiras e sociais.
Subemprego: Muitos trabalhadores aceitam empregos que não correspondem às suas qualificações ou que oferecem condições inadequadas de trabalho, apenas para garantir uma fonte de renda.
Trabalho Informal: Sem garantias ou direitos trabalhistas, muitos trabalhadores informais enfrentam instabilidade e vulnerabilidade econômica.
Trabalho Precário: Inclui condições de trabalho inseguras, baixos salários e falta de benefícios, afetando a qualidade de vida dos trabalhadores.
Evangelização no Mundo do Trabalho
O mundo do trabalho deveria ser um campo prioritário para a evangelização da igreja, visto que é onde muitas pessoas passam a maior parte de suas vidas. A igreja pode atuar como um agente de transformação, promovendo a dignidade do trabalho, a justiça social e o respeito aos direitos dos trabalhadores.
Ações Propostas
Diálogo e Formação: Promover um diálogo aberto entre líderes religiosos e trabalhadores para melhor compreender suas realidades e necessidades.
Apoio: Defender políticas públicas que combatam o desemprego e promovam condições dignas de trabalho.
Espiritualidade e Solidariedade: Oferecer apoio espiritual e emocional aos trabalhadores, cultivando um espírito de solidariedade e comunidade.
A evangelização do mundo do trabalho é uma tarefa contínua que requer empatia, compromisso e ação prática para promover um ambiente de trabalho mais justo e humano.