“Ubá está preparado para a Vacina contra a COVID 19”

Posto de Saúde da Barrinha
Esta afirmação é do secretário de Governo de Ubá, quando do anúncio da chegada de 24 mil seringas e agulhas. Até a última semana a atribuição de transportar seringas, vacinas e agulhas, cabia aos motoristas do setor saúde. Todavia, considerando a singularidade do momento e a necessidade  de se posicionar para as eleições de 22, vários outros personagens calouros no setor saúde estão surfando nesta onda. 


O que significa estar preparado para a Vacina? 


Para Janaína Passos de Paula - Subsecretaria de Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais,  não pode faltar nos municípios o planejamento e a organização da estrutura detalhada para realização da vacinação.  Identificação dos pontos mais apropriados para realização de vacinação (locais amplos, limpos, arejados que evitem aglomerações e filas). Alternativas relacionadas à emergências locais: falta de energia, enchentes, dificuldade de acesso. Parece simples mas estes são os maiores gargalos para o funcionamento ininterrupto de uma sala de vacina, principalmente as faltas de energia e computadores com internet para se ligarem aos sistemas do MS em tempo real. Soma-se ainda os recursos humanos: considerando que para comandar uma sala de vacina tem que ser um profissional especialíssimo, bem capacitado e conhecedor(a) da multiplicidade das vacinas, constante do programa nacional de imunização, bem como dos eventos adversos do pós vacina.


Ubá, bem como a maioria dos municípios brasileiros têm tradição e expertise na organização das campanhas de vacinação.  Entretanto, com a entrada de novos personagens com prioridade em 22,  justifica-se as considerações seguintes. Até para que o leitor possa certificar se realmente Ubá está preparada para a vacina da COVID 19.

54,5% das salas de vacina da Região não possuem funcionário exclusivo para atuar nas mesmas.

Em novembro de 2020 a equipe da Unidade Regional de Saúde de Ubá realizou um diagnóstico das 86 Salas de Vacinas instaladas nas 31 cidades da sua jurisdição que inclui o município de Ubá.  De acordo com o diagnóstico, 54,5% das salas disseram que não possuem funcionário exclusivo para atuar nas mesmas. O Diagnóstico captou ainda que 54,5% das unidades não possuem um programa de manutenção preventiva e/ou corretiva para a câmara refrigerada ou falha nos equipamentos de informática, por exemplo. Como muito bem dito pela Unidade de Saúde Regional, próximo da metade das salas de vacina dos 31 municípios da Região de Ubá não estão prontas, pois não contam com profissional capacitado e exclusivo como também estão com carências na  manutenção dos equipamentos, inclusive para a conservação das vacinas.  


Ubá


De acordo com a Deliberação CIB-SUS/MG nº 1.331, de 7 de Dezembro de 2012, nesta data, Ubá recebeu incentivos financeiros para montagem de  21 salas de vacina localizadas nas Unidades de Atenção Primária à Saúde urbanas e nas sedes dos distritos. As demais localidades sem cobertura de ESF deveriam continuar sendo atendidas por equipes volantes ou em uma das unidades contempladas com o incentivo. De acordo com informação atualizada de 2021, Ubá continua com 21 Unidades de Atenção Primária à Saúde, todavia as informações que serão analisadas a seguir, nos permite suspeitar que nem todas as unidades de APS contam com sala de vacina em funcionamento.     


Segundo a Plataforma IVES - Plataforma Integrada de Vigilância e Atenção em Saúde do Ministério da Saúde são 16 Salas de Vacina cadastradas nesta plataforma. E o portal G1 em 17/07/2020 complementa  a informação incluindo na lista mais algumas salas situadas em  bairros populosos e importantes do município. Vejam aqui - Não é possível saber com exatidão em quais condições estão funcionando, exceto pelo diagnóstico da regional, considerando que o problemas são muitos parecidos em todos os municípios: (Salas inadequadas sem pia, sem parede lavável, sem refrigeração, sem funcionários capacitados e exclusivos e sem internet em tempo real). As equipes volantes funcionam bem em períodos de campanha.  


Quantos são e onde estão os trabalhadores da saúde?


De acordo com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra A Covid-19, 1ª edição, Anexo II, os trabalhadores dos serviços de saúde são todos aqueles que atuam em espaços e estabelecimentos de assistência e vigilância à saúde, sejam eles hospitais, clínicas, ambulatórios, laboratórios e outros locais. Desta maneira, compreende tanto os profissionais da saúde – como médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, odontologistas, fonoaudiólogos, psicólogos, serviços socais, profissionais de educação física, médicos veterinários e seus respectivos técnicos e auxiliares – quanto os trabalhadores de apoio, como recepcionistas, seguranças, pessoal da limpeza, cozinheiros e auxiliares, motoristas de ambulâncias e outros, ou seja, aqueles que trabalham nos serviços de saúde, mas que não estão prestando serviços direto de assistência à saúde das pessoas. Inclui-se, ainda, aqueles profissionais que atuam em cuidados domiciliares como os cuidadores de idosos e doulas/parteiras, bem como funcionários do sistema funerário que tenham contato com cadáveres potencialmente contaminados.


O Plano Nacional diz que é oportuno a identificação dos serviços e o levantamento do quantitativo dos trabalhadores de saúde envolvidos na resposta pandêmica nos diferentes níveis de complexidade da rede de saúde. Sugere o envolvimento de associações profissionais, nesta mobilização e  organização e recomenda também que seja solicitado documento que comprove a vinculação ativa do trabalhador com o serviço de saúde ou apresentação de declaração emitida pelo serviço de saúde.


Em documento da Secretaria Municipal de Saúde de Ubá publicado em março de 2019, existiam 179 unidades de saúde inscritas no Cadastro Nacional de Entidades de Saúde e 2.197 trabalhadores. Sendo que 11% eram trabalhadores da área administrativa e de serviços. 25,99 eram profissionais da área técnica e 55,71% profissionais de nível superior. 


Em consulta ao Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde - CNES em janeiro de 2021 concluímos que, nesta data, são 2.469, profissionais distribuídos em 85 unidades empresariais privadas, 43 unidades públicas e 09 unidades sem fins lucrativos. Sendo que 16,55 atuam nas empresas privadas; 32,15% atuam no setor público e 51,31% atuam nas entidades sem fins lucrativos. 


Considerando as informações analisadas entre março de 2018 e janeiro de 2021 ocorreu uma diminuição de 22,34% no número de unidades de saúde no município. Ao mesmo tempo que ocorreu aumento de 12,30%, no número de profissionais cadastrados no CNES passando de 2.197 profissionais em 2018 para 2.469 em 2021. Vale um ressalva sobre precisão do numero, considerando que um mesmo profissional trabalha em mais de uma instituição.


A prefeitura deveria abrir um sistema para cadastrar  aqueles profissionais que atuam em cuidados domiciliares como cuidadores de idosos, considerando que muitos trabalham na informalidade. É preciso atenção também para os motoristas do sistema de transporte do setor saúde, considerando que já ocorreram dois óbitos de motoristas da prefeitura de Ubá, ambos na linha de frente: um no setor de ambulância e outro no setor de fiscalização.  


Por fim, mas ainda na primeira fase, vem os idosos com mais de 60 anos. São aproximadamente 7.456 pessoas entre 60 e 69 anos. Mais aproximadamente 3.747 entre 70 e 79 anos e aproximadamente  1.919 pessoas com 80 anos ou mais. 


Para que Ubá cumpra satisfatoriamente a primeira fase da vacinação contra a COVID19 serão necessárias próximo 32.000 doses para concluir a imunização deste primeiro grupo.


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