O PT e a troca dos seus ideais revolucionários por uma postura mais conciliatória e institucionalizada.
A comparação do Partido dos Trabalhadores (PT) com uma "bananeira que já deu cacho" ganha uma camada adicional de significado quando se contrasta seus objetivos revolucionários e ações da fundação com seus objetivos conciliatórios e ações institucionais atuais. Essa metáfora sugere que o ímpeto transformador e a radicalidade inicial do partido se atenuaram, dando lugar a uma postura mais pragmática e adaptada às estruturas de poder existentes.
Quando o PT foi fundado em 1980, em meio à ditadura militar, seus objetivos e ações eram, de fato, carregados de um caráter revolucionário para o contexto brasileiro da época:
O partido nasceu com a proposta de romper com a política tradicional, dominada por elites e oligarquias. Não se tratava apenas de ganhar eleições, mas de transformar as estruturas de poder.
Embora não fosse uma vertente leninista, o PT defendia um socialismo democrático como horizonte, buscando uma sociedade com distribuição de renda radical, controle social dos meios de produção e uma profunda participação popular nas decisões. Isso era visto como uma "revolução" pacífica, mas estrutural.
Ações como o apoio irrestrito às greves operárias no ABC Paulista, a organização de movimentos de sem-terra e sem-teto, e a defesa intransigente de pautas como a reforma agrária e a nacionalização de setores estratégicos, mostravam um partido com foco na ação direta e na pressão popular para alcançar seus objetivos.
O PT era enfático na defesa da autonomia da classe trabalhadora, sem alinhamento com o capital ou com outras forças que pudessem diluir seus princípios.
Esse período foi o da "formação do cacho", onde a energia da planta era totalmente direcionada para o crescimento e a materialização de seu projeto transformador.
A crítica da "bananeira que já deu cacho" aponta que, ao longo de sua trajetória, especialmente para chegar ao governo central, o PT teria trocado seus ideais revolucionários por uma postura mais conciliatória e institucionalizada:
Uma vez no governo, o PT buscou a estabilidade econômica e a governabilidade, o que exigiu alianças com partidos de centro e até mesmo de direita, e uma relação pragmática com o setor empresarial e financeiro. As grandes reformas estruturais, como a reforma agrária radical ou a nacionalização de setores, foram, em grande parte, postergadas ou abrandadas para permitir a coexistência com o sistema.
Embora programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida tenham sido cruciais para a redução da pobreza, eles foram implementados dentro da lógica capitalista de consumo e redistribuição mínima, e não como parte de uma ruptura revolucionária com a lógica de mercado. O foco se tornou a inclusão via Estado, e não a transformação radical das relações de produção.
O protagonismo do PT passou a ser predominantemente nas esferas institucionais — via eleições, parlamento e executivo. A mobilização de massa, embora ainda existente, deixou de ser a principal via de pressão para se tornar um complemento da ação governamental e legislativa.
A busca por maioria no Congresso, a negociação com diferentes forças políticas para aprovar projetos e a gestão da máquina pública exigiram um pragmatismo que, para alguns, diluiu a "pureza" e o ímpeto original do partido. Casos de corrupção, embora não inerentes ao PT, foram vistos por críticos como uma consequência do envolvimento do partido na política institucional tradicional que ele antes tanto combatia.
A metáfora, portanto, sugere que o "cacho" de grandes transformações revolucionárias já foi dado. O que se vê hoje, na visão dos que se utilizam da metáfora, é uma "bananeira" que, embora ainda produza, o faz dentro de um ciclo de renovação que privilegia a manutenção e a adaptação institucional em detrimento daquele ímpeto inicial de ruptura. O PT atual seria, para esses pensadores, um partido que se tornou parte do sistema que um dia sonhou em transformar radicalmente.