Os trabalhadores da indústria moveleira de Ubá igualmente precisam do apoio de todos.



Todos somos caminhoneiros!

Todos somos professores!

Todos somos marceneiros!



Nas semanas anteriores a sociedade Brasileira, na sua grande maioria, apoiou a greve dos caminhoneiros. Nesta ultima semana a sociedade mineira está acompanhando a luta dos servidores públicos estaduais, principalmente os trabalhadores da educação, que também entraram em greve para assegurar direitos, dentre outros, o direito de no mínimo receber tratamento similar aos trabalhadores da segurança pública.

Na esteira das lutas por melhores condições de vida e dignidade estão igualmente os trabalhadores da indústria moveleira de Ubá que também precisam do apoio de todos. São entre doze e dezesseis mil trabalhadores e trabalhadoras que, em sua maioria, ainda não tiveram o seus salários corrigidos pela inflação de 2016/17. Existe a exceção de algumas empresas que concederam antecipação contrariando a orientação do INTERSIND.

A negociação coletiva entre o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal é anual e vinha sendo assinada normalmente até 2015, sempre sem grandes alterações nas principais clausulas.  Nos últimos dez anos o sindicato dos trabalhadores emprenhou todo o seu esforço na regulamentação do banco de horas.  Como é do conhecimento de todos o banco de horas foi uma escandalosa exploração de mão-de-obra em Ubá por quase duas décadas, até a atual diretoria tomar posse no sindicato dos trabalhadores. Em função da luta pelo fim do banco hora, que era maior cruz dos trabalhadores, a categoria dos marceneiros de Ubá relativizou outras pautas. Ubá tem hoje um dos menores pisos salariais se comparado com os três maiores polos moveleiros do País: Araponga, Bento Gonçalves e Ubá.

Nas ultimas duas negociações, já como reflexo da reforma trabalhista, o presidente do INTERSIND tem endurecido as negociações. Ocorre que antes quando uma parte se negava a assinar a convenção coletiva anual, a convenção anterior não perdia a validade e continuava vigorando por até quatro anos ou mais. Nestes novos tempos de volta ao século XIX, a ultima convenção coletiva dos marceneiros, que é na verdade a sentença do Dissidio Coletivo 2016/2017, perdeu a validade em primeiro de setembro de 2017, ou seja, na data base.  Já são pelos oitos meses que os trabalhadores das indústrias do mobiliário de Ubá estão entregues à consciência de cada empresário ou seu preposto, pois as mínimas garantias que constavam da convenção coletiva estão extintas. E "Na luta entre os fortes e fracos, entre ricos e pobres, entre senhor e servo é a liberdade que oprime e a lei que liberta". Henri Dominique Lacordaire.

Aparentemente parece que o objeto do desacordo é muito simples. O Intersind quer baixar o valor da hora extra de 70% para 50% do valor da hora e normal e quer mais liberdade para operar o banco de horas sob a inspiração da Reforma Trabalhista. Nas cidades no entorno de Ubá, representadas pelo sindicato dos trabalhadores de BH, o INTERSIND já consegui baixar o valor da hora extra de 70% para 60% da hora normal e assinou a convenção coletiva.   Os trabalhadores de Ubá já reprovaram esta proposta do INTERSIND em sucessivas assembleias e justificam que não vão renunciar direito adquirido, pois se sair nunca mais volta.   

Hoje dia de 20 de junho de 2018 tem mais uma assembleia da categoria dos marceneiros de Ubá. Seja qual for a posição da categoria, de manutenção da posição inicial, ou pelo acatamento da proposta do patronato, o prejuízo já é incalculável. São quase oito meses sem convenção coletiva, ou seja, sem lei. Neste vácuo a hora extra que está sendo praticada é da CLT, ou seja, 50% sobre a hora normal, perda de 20% em cada hora trabalhada. O banimento do banco de horas, luta cara a categoria, corre o risco de ter sido em vão, pois não está mais garantido em convenção. Aí vale a livre negociação direta entre patrão e empregado sem a mediação do sindicato.  Até o piso salarial praticado que já é um dos menores do país corre-se o rico de regredir ao valor do salario mínimo.  

Se o senário é tenebroso para as categorias estáveis de servidores públicos, com longo histórico de organização, mobilização e lutas, imagine como será a vida do trabalhador da iniciativa privada, sem estabilidade e pressionados por  índices de desemprego estratosféricos. A luta é tão desigual que para ajuizar o dissídio coletivo, considerando que é o patronato que está procrastinado, a categoria dos trabalhadores será obrigada  a iniciar uma  greve e somente após deflagrar a greve poderá dar entrada na justiça com o processo de dissídio coletivo.   

Deuteronômio 24, 14-15 - “Não oprimas um assalariado pobre, necessitado, seja ele um dos teus irmãos ou um estrangeiro que mora em tua terra, em tua cidade.  Tu lhe pagarás o salário a cada dia, antes que o sol se ponha, porque ele é pobre e disso depende sua vida. Desse modo, ele não clamará a Iahweh contra ti, e em ti não haverá pecado”. 

Coragem!


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