Desafio da Água em Ubá: Uma Análise das Perdas na Captação e Distribuição
A gestão da água em Ubá, assim como em muitas cidades brasileiras, enfrenta o complexo desafio de equilibrar a captação, o tratamento e a distribuição para atender à crescente demanda da população. A análise dos dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) entre 2009 e 2022 revela uma lacuna preocupante entre o volume de água produzido e o que, de fato, chega às torneiras dos cidadãos. Este estudo busca aprofundar essa questão, utilizando gráficos e indicadores para demonstrar como as ineficiências no processo, em particular o alto índice de perdas, impactam diretamente o abastecimento da cidade.
Ao longo do período analisado, os volumes de água tratada nas Estações de Tratamento de Água (ETA) de Ubá se mostraram insuficientes para acompanhar a demanda, resultando em racionamentos e falta de água em diversas localidades. Nossa pesquisa conclui que o problema não se resume apenas à quantidade de água captada, mas está intimamente ligado às perdas significativas na rede de distribuição. O vazamento de milhões de litros por ano, somado a outros fatores como fraudes e ligações clandestinas, demonstra ser um dos principais gargalos que impedem a garantia de um serviço contínuo e de qualidade para todos os moradores de Ubá.
Volume de Água Produzido (1.000 m³)
O volume de água disponível para consumo no período de referência refere-se à água captada pelo prestador de serviços e à água bruta importada, ambas tratadas nas unidades de tratamento do prestador. Este volume é medido ou estimado nas saídas das Estações de Tratamento de Água (ETA) ou Unidades de Tratamento de Saneamento (UTS).
Em 2022, os mananciais de Ubá produziram 7.444.830.000 (Sete bilhões, quatrocentos e quarenta e quatro milhões, oitocentos e trinta mil.) litros de água em Ubá. A unidade de medida, 1.000 m³, indica que para cada 1.000 m³, a empresa utiliza um valor de referência. Para calcular esse valor, foi realizado o seguinte procedimento: Multiplicamos o valor fornecido (7.444,83) por 1.000 para converter para metros cúbicos (m³).Volume anual de água submetido a tratamento, incluindo a água bruta captada pelo prestador de serviços
Volume anual de água submetido a tratamento, incluindo a água bruta captada pelo prestador de serviços e a água bruta importada, medido ou estimado na(s) saída(s) da(s) ETA(s). Não inclui o volume de água tratada por simples desinfecção em UTS(s) e nem o volume importado de água já tratada Unidade: 1.000 m³/ano. Em 2022 foram tratados em Ubá Cinco bilhões, quinhentos e oitenta e dois milhões, oitocentos e oitenta mil
Volume anual de água submetida à fluoretação, compreendendo a água captada pelo prestador de serviços e a água bruta importada, ambas tratadas na(s) unidade(s) de tratamento do prestador de serviços, medido ou estimado na(s) saída(s) da(s) ETA(s) ou UTS(s).
Volume, no período de referência, de água consumido por todos os usuários, compreendendo o volume micromedido, o volume de consumo estimado para as ligações desprovidas de hidrômetro ou com hidrômetro parado, acrescido do volume de água recuperado, excluindo o volume de água tratada exportado para outro prestador de serviços ou para outro município do próprio prestador
Os valores apresentados revelam uma diferença significativa entre a água tratada e a água consumida, o que é um cenário comum em sistemas de abastecimento. Vamos analisar o que essa comparação representa. Apenas com o ano de 2022.
O que os números significam? Água tratada (AG007): 5.582,88 x 1000 m³ = 5.582.880 m³ Este é o volume de água que as estações de tratamento (ETA) preparam para ser distribuído.- Água consumida (AG010): 4.024,61 x 1000 m³ = 4.024.610 m³ Este é o volume de água que foi efetivamente consumido pelos usuários da rede, seja através de hidrômetros ou por estimativa em 2022. Perda de água: A diferença entre a água tratada e a água consumida indica uma perda de água no sistema de distribuição. Essa perda é um indicador crucial para a eficiência do saneamento. Perda=Volume tratado−Volume consumido - Perda=5.582.880−4.024.610=1.558.270 m3. Para calcular o índice de perda, basta dividir o volume de perda pelo volume tratado e multiplicar por 100: Índice de Perda=5.582.8801.558.270×100≈27,91% - Isso significa que, aproximadamente, 27,91% da água tratada 2m 2022 foi perdida antes de chegar aos consumidores.
Essas perdas podem ocorrer por diversos motivos, como: Vazamentos: na rede de distribuição, nas conexões e nas tubulações internas das residências. Fraudes: ligações clandestinas que não são registradas. Hidrômetros com defeito: medições incorretas ou incompletas. Uso em serviços: água utilizada pela própria concessionária para atividades operacionais, como lavagem de tubulações, que não é faturada. O índice de perda de água na distribuição é um dos principais desafios do setor de saneamento no Brasil. A redução dessas perdas é fundamental para aumentar a eficiência, economizar recursos e garantir o abastecimento para a população.
Observação: É PRECISO CONSIDERAR QUE O QUANTITARIVO DE AGUA TRATADA ETA EM 2022 DESTOOU MUITO EM RALAÇÃO AOS OUTROS ANOS, POR ISSO REPETIREMOS OS CAUCULOS COM DADOS DO ANO ATERIOR/2021
Os dados de 2021 nos mostra o fluxo da água desde a captação até o consumo, revelando informações importantes sobre o sistema de abastecimento. Vamos analisar os volumes apresentados: Volume de água produzida: 7.371,24 x 1000 m³ = 7.371.240 m³. Este é o volume total de água que foi captado na fonte (rios, poços, etc.) para ser tratado.
Volume de água tratada na ETA: 7.017,78 x 1000 m³ = 7.017.780 m³- Este é o volume de água que, após ser produzido, passou pelo processo de tratamento na Estação de Tratamento de Água (ETA) e foi liberado para a rede de distribuição.
Volume de água consumido: 4.038,85 x 1000 m³ = 4.038.850 m³ Este é o volume que de fato chegou aos consumidores e foi registrado, seja por medição ou estimativa.
Análise das Perdas
Ao comparar esses volumes, podemos identificar dois tipos principais de perdas no sistema:
1. Perdas no Tratamento da Água: A diferença entre a água produzida e a água tratada indica uma perda durante o processo de tratamento. Perdas no Tratamento=Volume produzido−Volume tratado - Perdas no Tratamento=7.371.240 m3−7.017.780 m3=353.460 m3
Essa perda de 353.460 m³ (ou aproximadamente 4,79% da água produzida) geralmente ocorre durante a floculação, decantação e filtração, onde a água é purificada e os resíduos são removidos.
2. Perdas na Distribuição da Água - A diferença mais significativa é entre a água tratada e a água consumida. Isso representa as perdas que acontecem na rede de distribuição.
Perdas na Distribuição=Volume tratado−Volume consumido
Perdas na Distribuiçâo=7.017.780 m3−4.038.850 m3=2.978.930 m3
A perda de 2.978.930 m³ na distribuição (ou cerca de 42,45% da água tratada) é bastante alta. Ela pode ser atribuída a diversos fatores, como: Vazamentos na rede de tubulações. Fraudes e ligações clandestinas. Problemas com hidrômetros que não registram o consumo corretamente.
Esses números mostram que, em 2021, uma parcela considerável da água captada e tratada foi perdida antes de chegar à população. Reduzir essas perdas é crucial para a eficiência do sistema, a conservação dos recursos hídricos e a sustentabilidade financeira da empresa de saneamento.
Ou seja, desde 2013 quando a ARSAE fez a primeira fiscalização, a COPASA não conseguiu diminuir as perdas no município.