“Investimentos históricos” ou discurso eleitoral?

A saúde em Ubá e a memória de um passado recente. Em um evento com claros tons eleitorais no estacionamento da rodoviária de Ubá, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o prefeito da cidade afirmaram que o atual momento representa o maior investimento em saúde da história da macrorregião. A fala, ecoada por outras autoridades presentes, foi apresentada como um "momento histórico" para a população.

Contudo, a declaração levanta uma questão crucial: será que esses líderes conhecem a história recente da saúde na região? E mais importante, se importam com ela? A verdade é que o maior investimento em saúde na região de Ubá não está acontecendo agora, mas sim em um passado muito próximo, entre 2009 e 2016.


Nesse período, a saúde da microrregião, que atende a cerca de 284 mil habitantes, passou por uma transformação radical com a implantação de diversos pilares fundamentais.

Consórcio Intermunicipal de Saúde de Ubá (SINSAÚDE) que reunia 19 municípios na fundação, foi um divisor de águas. O governo de Minas formalizou um convênio de quase R$ 1,5 milhão para a construção de um moderno centro de atendimento na Colônia Padre Damião. Os municípios entraram com uma contrapartida de mais de R$ 200 mil. Em seguida, foram liberados mais de R$ 1,6 milhão para a aquisição de equipamentos, permitindo a instalação de um ambulatório que oferece exames e atendimentos especializados. A estrutura logística ainda contava com uma frota de 16 micro-ônibus para o transporte sanitário, garantindo o acesso dos pacientes aos serviços.

Rede de Urgência e Emergência: Essa rede enfrentou de frente o principal problema da saúde local: a falta de estrutura para casos graves. Mais de R$ 164 milhões foram investidos na Rede de Urgência e Emergência em toda a macrorregião. Todos os hospitais de Ubá e da região, incluindo o Hospital São Vicente de Paulo, receberam milhões de reais em novos investimentos. Só nos hospitais da cidade, foram mais de R$ 8 milhões para aprimorar o atendimento. A rede se expandiu para outros cinco hospitais no entorno de Ubá, o que aliviou a pressão sobre os hospitais da cidade, pois pacientes de municípios vizinhos puderam ser atendidos mais perto de casa. A implantação do SAMU, a qualificação de leitos de UTI, a criação de leitos de clínica médica e saúde mental, e a reforma de prontos-socorros foram parte desse esforço conjunto.

Rede de Saúde Mental: A saúde mental também foi prioridade, com a implantação de três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) recebeu investimentos para obras, implantação e custeio para oferecer uma rede de apoio e tratamento essencial para a população.

Centro Especializado em Reabilitação (CER III): implementado em parceria com a APAE/Ubá, esse centro especializado mudou a vida de inúmeras pessoas, oferecendo serviços de reabilitação física, auditiva e intelectual.

Casa da Gestante: Implantada no Hospital Santa Isabel, a Casa da Gestante foi mais uma política pública fundamental criada nesse período, oferecendo um espaço de acolhimento e cuidado especializado para gestantes de alto risco.

A prefeitura de Ubá, na época, liderou essa articulação regional, elevando o padrão de atendimento para todos.
Onde fica a história?

O momento histórico é essa base e capacidade atual de atendimento da região. O discurso de que os investimentos de agora são os maiores da história não apenas desmerece o trabalho das gestões anteriores, mas também demonstra um desconhecimento preocupante sobre o legado que sustenta a saúde pública de Ubá e região.

A saúde é uma construção contínua. Por exemplo, a cidade ainda aguarda a habilitação do Centro de Trauma e do serviço de Hemodinâmica do Hospital Santa Isabel, frutos de investimentos do passado que necessitam de continuidade.

Além disso, a região precisa de respostas sobre a conclusão do Hospital Regional da Zona da Mata, uma obra de grande importância que poderia beneficiar toda a população, mas que ainda não foi finalizada.

O verdadeiro progresso na saúde não é feito em palanques eleitorais, mas com planejamento, articulação e, acima de tudo, respeito ao que já foi conquistado e ao que ainda precisa ser feito.

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