Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro

Sim, o dinheiro nos seduz, entra em nós como uma presença eficaz e contribui de modo surdo, mas real, na tessitura de nossas relações, das nossas relações com as coisas e com os homens. Eu possuo o dinheiro, mas o dinheiro também me possui. O dinheiro tem um lugar invasivo nos meus desejos, decide muitos dos meus desejos.

Por isso, no Antigo Testamento, o dinheiro é definido pela palavra "keseph", cuja raiz verbal (kasaph) indica o "desejar ardentemente", o verdadeiro "derreter-se" por alguma coisa. Torna-se então relativa a leitura do Evangelho, onde o dinheiro é personificado.

Jesus declara que o dinheiro é uma potência, ou melhor, um deus: "Ninguém pode servir a dois senhores: ou odiará um e amará o outro, ou aderirá a um e desprezará o outro: não podeis servir a Deus e ao dinheiro". O termo "dinheiro" está em oposição a Deus, o amor pelo dinheiro exclui o amor por Deus. Esse é o radicalismo evangélico de Jesus. O dinheiro para ele não é simplesmente uma coisa que o homem pode possuir ou não: pode se tornar facilmente um deus, um ídolo ao qual sacrificamos facilmente a vida dos outros e alienamos a nós mesmos.

O autor da Carta de São Tiago descreve o dinheiro como um verme que devora aqueles que o possuem, enganando-os e levando-os à destruição e, ao mesmo tempo, é fonte de injustiça: "Vós, ricos, chorai e gemei por causa das desgraças que sobre vós virão. Vossas riquezas apodreceram e vossas roupas foram comidas pela traça. Vosso ouro e vossa prata enferrujaram-se e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e devorará vossas carnes como fogo. Entesourastes nos últimos dias! Eis que o salário, que defraudastes aos trabalhadores que ceifavam os vossos campos, clama, e seus gritos de ceifadores chegaram aos ouvidos do Senhor dos exércitos".
Trecho da palestra que Enzo Bianchi, prior do Mosteiro de Bose, na Itália, apresentou em Bolonha.

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