Conciliador, D. Orani muda perfil da igreja no Rio

Depois de um ano e meio no cargo, o arcebispo do Rio, d. Orani João Tempesta, de 60 anos, conhece a maioria das 252 paróquias de seu território, de 1.261 km2 e 6,5 milhões de habitantes. Incansável em sua rotina diária, que começa com as primeiras ligações pelo celular às 7h30 e termina quase à meia-noite, ele enfrenta com serenidade, firmeza e bom humor os desafios do novo posto - da reestruturação administrativa da arquidiocese à violência nas favelas - para reconquistar os católicos que abandonam a prática da religião ou se convertem a igrejas evangélicas. A reportagem é de José Maria Mayrink e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 05-09-2010.

Em suas andanças, d. Orani sobe morros e visita áreas de risco onde nem a polícia costuma entrar. Conversa com os moradores, discute os problemas das comunidades, confere o trabalho de seus padres - são 621, dos quais 342 diocesanos e 279 pertencentes a congregações religiosas -, celebra missas e se reúne com grupos da ação pastoral.

Costuma chegar de improviso às paróquias, para conhecer a realidade do povo sem maquiagem. Numa dessas visitas, a escolta que o acompanhava para abrir o trânsito não ousou entrar numa favela controlada por milícias armadas, na Barra da Tijuca. O arcebispo seguiu em seu carro com o motorista e os milicianos baixaram as armas para deixá-lo passar. Em outra favela, o motorista errou o caminho e deu de cara com uma barreira de moradores que quiseram cobrar pedágio. Bastou o arcebispo se identificar para seguir adiante.

"Nem todos os padres se dispõem a subir os morros, porque ali se corre risco de morte", disse Erika Glória, agente da Pastoral das Favelas e funcionária da Mitra Arquidiocesana que atua nesse setor desde os tempos de d. Eusébio Scheid (2001-2009). Demitida quando o então arcebispo extinguiu esse e outros trabalhos, a conselho de técnicos da Fundação Getúlio Vargas, porque davam prejuízo, ela foi recontratada por d. Orani.

Na avaliação do padre Marcos William, vigário episcopal para a Comunicação, "d. Orani trouxe novo ânimo pastoral e está redimensionando um olhar interpretativo viciado pelo tempo". O arcebispo manifestou apoio às devoções populares nas festas de São Sebastião e São Jorge. Visitou a Cidade do Samba com a imagem de São Sebastião em janeiro e percorreu o Rio em procissão com a imagem de São Jorge em abril. O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Jorge Castanheira, vibrou com a chegada de d. Orani à Cidade do Samba. "Foi a primeira vez que recebemos a visita de um arcebispo", disse ele.

"D. Orani conquistou o Rio muito rápido, porque não recusa nenhum convite. Aceita todos e tem mesmo de aceitar", disse o cardeal d. Eugenio Sales, ao receber a visita do sucessor na residência do Alto do Sumaré. Arcebispo emérito desde 2001, d. Eugenio, 90 anos a completar em 8 de novembro, não interfere na administração, mas continua atento à caminhada do rebanho.

"D. Orani visita a periferia e conversa com todos os setores com uma postura de diálogo e conciliação, buscando se aproximar de uma sociedade que já não liga para a Igreja", observa o teólogo Névio Fiorin, da Iser Assessoria, instituição adepta da linha da Teologia da Libertação.
O arcebispo conversa com todos também na área política. Além do governador e do prefeito, ele recebeu candidatos como o deputado Fernando Gabeira, o ex-governador Anthony Garotinho e o senador Marcelo Crivella, da Igreja Universal do Reino de Deus. "Valorizamos o que nos une, não aquilo que nos separa", justifica d. Orani, ao falar desses encontros.

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