Salario Minimo, O Silencio da Igreja


Notícias do Dia’ publicadas, diariamente, no sítio do IHU

Salario Minimo, O Silencio da Igreja

Durante todo o processo de debate e embate do salário mínimo surpreendeu o silêncio do movimento social, particularmente das forças sociais comprometidas com a superação da desigualdade na sociedade brasileira. Um exemplo claro foi o da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB. Na mesma quarta-feira, dia 16 de fevereiro, em que o Congresso votava o salário mínimo de R$ 545.00, o Conselho Episcopal Pastoral da CNBB (Consep), órgão máximo diretivo da entidade, abaixo apenas de sua Assembléia, encontrava-se reunido e não se manifestou sobre o salário mínimo – a principal agenda em pauta no país.

Os bispos, entretanto, divulgaram uma nota no final da mesma tarde em que a poucas centenas de metros se debatia o salário mínimo, manifestando-se sobre o “baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão” - citando especialmente os reality shows “que têm o lucro com seu principal objetivo”.

A Igreja, e particularmente em seu interior as pastorais sociais, possuem longa tradição de manifestar-se sobre a realidade do mundo do trabalho. Em função disso, estranha-se o silêncio. Ainda mais porque o tema do salário mínimo sempre foi caro ao debate interno no mundo da Igreja. Basta lembrar as campanhas lideradas, outrora, pela Pastoral Operária. Aliás, Gilberto Carvalho, foi um dos fundadores da Pastoral Operária do Paraná, nos idos de 1970, e, depois, atuou como liberado' na Pastoral Operária Nacional.

O valor do salário mínimo, como destaca Raquel Júnia, aponta “a necessidade de se pensar os direitos constitucionais dos brasileiros, como o direito à educação e à saúde”. Segundo ela, o valor que “a Câmara dos Deputados aprovou e vigorará durante todo o ano de 2011 é de apenas R$ 5 reais a mais do que era em 2010, alguns reais a menos do que pediam algumas das centrais sindicais e exatamente R$ 1.649,76 reais a menos do que o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta como o salário mínimo necessário para garantir as necessidades vitais básicas dos brasileiros e suas famílias, conforme define a Constituição do país”.

Destaca ainda que de acordo com o Dieese, cerca de 47 milhões de brasileiros são remunerados com valores referenciados no salário mínimo e lembra o texto constitucional que diz que o salário mínimo deve ser fixado em lei, e deve ainda ser "nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, reajustado periodicamente, de modo a preservar o poder aquisitivo, vedada sua vinculação para qualquer fim". É exatamente esse conteúdo que sempre foi caro às pastorais que ficou deixado de lado. Tampouco o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, sempre atento à agenda política do país, manifestou-se sobre o debate do mínimo.

Aqui mais notícias

O que não te contaram sobre a passagem de ônibus em Ubá

Conchavo entre Prefeitura de Ubá e COPASA pode ter propósito eleitoreiro.

Porque o contrato entre o município de Ubá e a COPASA é nulo.

Salário do prefeito de Ubá é 160% maior que do Governador do Estado de Minas Gerais.

O DESCASO DA COPASA COM UBÁ. SEGUNDO CAPITULO.