Faltam 25 dias para a prorrogação do Contrato com a Viação Ubá!

 

O transporte coletivo urbano de Ubá é um dos piores do Brasil para cidades com mais de 100 mil habitantes. Na visão da população usuária (senso comum) o nosso sistema é pior  que o da vizinha Cataguases. Os principais responsáveis por este fracasso, são em primeiro lugar, o setor produtivo: patrões e empregados: Os primeiros estimulam e induzem os trabalhadores a renunciarem o direito ao Vale Transporte no momento da contratação. Os trabalhadores por sua vez, através dos sindicatos, não pautam o transporte público de qualidade nas negociações coletivas. As soluções individuais enriquecem os comerciantes de motocicleta, congestionam as ruas e avenidas de Ubá, e sobrecarregam os setores de ortopedia e neurocirurgia dos nossos hospitais, os serviços de reabilitação e a fila da perícia médica do INSS. Um grifo sobre o setor de alta complexidade em ortopedia e neurocirurgia que  inexistem nos hospitais da região de Ubá. Mesmo quando o  perfil epidemiológico da nossa região aponta para essa necessidade, somos dependentes de Muriaé, Juiz de Fora ou até Carangola. Nossos pacientes acidentados, com necessidades cirúrgicas, frequentemente  permanecem por mais de 30 dias à espera de leitos em hospitais habilitados nessas especialidades nas cidades acima citadas. 

Ainda como uma  questão estrutural, para que esta análise fique ainda mais ampla, é preciso  constatar que as transformações da Revolução 4.0, principalmente o capitalismo de plataforma, com destaque para a desregulamentação e  o transporte por aplicativo, agravaram esta estruturação que ainda nem havia alcançado os resultados  dos arranjos organizacionais do Fordismo. 


Dito isto, vamos à prática! Ao mais visível! Ou seja, a indiferença do poder público local frente ao sofrimento das populações mais pobres e que moram mais distante do centro ou dos locais de trabalho ( Pires da Luz e Solar) que são na verdade, os que financiam o transporte coletivo em Ubá. 


O serviço sempre foi muito  ruim e campeão de reclamação, muito antes do moto táxi, e do transporte por aplicativo. Para não distanciar muito,  vamos regressar ao período imediatamente anterior a 2007, quando um grupo de vereadores foi ao Ministério Público denunciar a ausência de licitação. Em cumprimento a uma decisão Judicial originária da denúncia, foi elaborado um plano e aprovada uma Lei, que entre outras coisas indicou a  criação de uma agência (Trans Ubá) para organizar o setor de transporte no município.  Este órgão nunca funcionou de fato e de direito para a finalidade ao qual foi criado, segundo a manifestação da vontade dos legisladores. A vencedora da licitação foi a Viação Ubá que já operava no município antes mesmo de vencer o certame. Foi assinado um contrato com validade para 15 anos com uma cláusula de prorrogação por mais 15 anos. O novo Contrato permitiu a implantação da bilhetagem eletrônica, que na prática, significou a extinção da profissão do cobrador. Provavelmente, mais 40 trabalhadores e trabalhadoras foram demitidos com esta medida, com a consequente diminuição dos custos da empresa. Antes mesmo de completar um ano de contrato, a Empresa e o Executivo, à revelia do conselho, órgão deliberativo e fiscalizador à época, aumentaram o valor da tarifa. Mais uma vez um grupo de vereadores acionaram o Ministério Publico que ajuizou a ação impedindo a apropriação indevida de recursos dos trabalhadores usuários.

Tivemos que acionar a Justiça para que a empresa viesse a cumprir o estatuto do Idoso para os moradores da Zona Rural e dos distritos de Ubari e Miragaia. De acordo com a Constituição Federal, os maiores de 65 anos têm o direito à gratuidade.  A Prefeitura é quem deveria emitir as credenciais ( se é que são necessárias) para o acesso dos idosos e pessoas com deficiência, a esse  direito, todavia em Ubá é a “raposa que toma conta do galinheiro”. E chove reclamação a respeito da interpretação que a empresa faz da Lei quando se trata de pessoas com deficiência. Sem contar que a localização da sede da empresa não facilita o acesso dos idosos para a concessão da credencial. 

Em 2015 mais uma medida bem intencionada do Poder Executivo, adicionou lucro ao caixa da empresa e prejuízo aos trabalhadores em razão da ausência de fiscalização ou omissão do órgão regulador do contrato. Em 2015 foi implantado o sistema de integração por meio da bilhetagem eletrônica quando foi realizada a redefinição dos itinerários das linhas que até então eram mais longas e foram encurtadas. Por exemplo: com apenas uma passagem viajava-se do Pires da Luz ao Aeroporto. Após esta  redefinição, a maioria das linhas passaram a ter ponto final na Rodoviária. Nesta redefinição foi implantada, de fato,  a integração por meio do bilhete eletrônico. Um passageiro que saia do Pires com Bilhete eletrônico, poderia  continuar a viagem para o Aeroporto sem pagar outra  passagem se observado um determinado espaço de tempo. A integração não é possível sem o bilhete eletrônico. Ocorre que a Empresa com a conivência da Prefeitura/Órgão fiscalizador do contrato não facilitou o acesso ao bilhete.  


Outra fonte robusta de receita da empresa Viação Ubá é o Transporte Escolar ofertado pelo município por inexigibilidade de licitação. Em 2022 (dois mil e vinte dois) são quase SETE MILHÕES DE REAIS  sem licitação, ou por uma modalidade de licitação que exclui a concorrência. Com este valor a prefeitura de Ubá irá adquirir quase UM MILHÃO E MEIO de passagem sem um milésimo de Real de desconto.  Serão 948.000 (Novecentos e quarenta e oito mil) passagens de transporte urbano ao valor R$4,25, ou seja, o mesmo valor que cidadão paga quando compra apenas uma passagem.  Decreto que Fixa o Valor da Passagem


A Conclusão que chegamos é a mesma de 2010, quando realizamos audiências públicas na  comunidades e ao final elaboramos uma cartilha sobre o tema. Na ocasião alguns acreditavam que em Cataguases o serviço é melhor porque tem concorrência. Em 2010, o nosso estudo, concluiu que não é a concorrência que  faz a diferença. O que confere benefício à população é a postura do Poder Executivo na regulação do contrato. De que lado ele está? Indico a leitura do  texto nesse link sobre a evolução dos aumentos da passagem para que possa comparar o período do Prefeito Vadinho com o período do primeiro mandato do atual Governo. 


Nós e o Governo atual sabemos que o contrato será prorrogado, pois o mesmo termina em 22 de setembro de 2022 e não há tempo hábil para realizar nova licitação. Mesmo assim, o governo vem gastando dinheiro público com consultorias para elabora planos de transporte e e promover audiências publicas, que segundo participantes, não passam de "Democracia Teatral" para legitimar decisões já decididas.

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