A desfaçatez da COPASA.
Na ultima semana eu recebi a conta de
água com uma publicidade da COPASA recomendando que a caixa d’agua seja tampada
para não entrar mosquitos da Dengue.
Todos sabem que a COPASA não vem cumprindo a sua principal missão que é
fornecer água tratada em quantidade e qualidade suficiente para o consumo
humano na nossa cidade, descumprindo decisão judicial, inclusive. Veja a Decisão aqui: Todos sabem também que a falta de
água, impõe a pulação a necessidade de reservar água de forma improvisada.
Vejamos o que diz o pesquisador Ary de carvalho Miranda: “As grandes concentrações de criadouros de
mosquitos são observadas onde as pessoas precisam armazenar água. No Nordeste e
nas periferias das grandes cidades em todo o país isso é muito comum porque não
existe abastecimento regular de água.” Ary de carvalho Miranda
O vice-presidente da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva Nelson da Cruz Gouveia faz a mesma afirmação: “Veja, também,
a questão da crise de abastecimento de água. As pessoas têm de lidar com essa
situação de diversas maneiras, e uma delas é armazenando água em casa. Se essa
água é armazenada em condições não favoráveis, o mosquito também pode se
reproduzir ali, já que gosta de água parada e, de modo geral, limpa. Embora,
hoje em dia, essa água que atrai o Aedes para a reprodução não precisa ser mais
tão limpa assim”. Nelson da Cruz Gouveia
Até aqui fica claro que não tem como
manter um reservatório improvisado vedado para não entrar o mosquito da dengue,
da Zica e da chikungunya. Fica claro também que a instrução da COPASA é inócua
e estéril e tem como principal objetivo disfarçar-se da sua responsabilidade de
potencializadora das epidemias de Dengue, Zica e chikungunya.
As nossas vistas em campo e as informações
coletadas no Levantamento Rápido de índice
de Infestação por Aedes Aegypti -
LIRA tem mostrado que é impossível manter os reservatórios vedados conforme
propõe a COPASA no seu cinismo costumeiro.
Vejamos algumas das dificuldades que foram acrescentadas
ao trabalho dos profissionais de Saúde devido à intermitência no abastecimento
de água e a necessidade de reservação de água de forma improvisada, proporcionada
pela COPASA.
I – Impacto no Lira - De acordo com o terceiro LIRA realizado no período
de 17 a 21 de outubro de 2016 55,4% dos
criadouros de Aedes Aegypti estão localizados nos reservatórios de água,
sendo 15,4 nos reservatórios elevados e ligados à rede (caixa d’agua principal)
e os outros 40.05 foram encontrados em depósitos improvisados ao nível de solo
(tambores, baldes, toneis, maquina de lavar, piscinas) etc.
Uma vez que existe a intermitência no
abastecimento, mesmos os reservatórios fixos, estão sendo constantemente
destampados, uma vez que, é a única forma de monitorar se estão cheios ou
vazios. Só a partir da constatação pode-se planejar os serviços da
casa. Mais
uma vez fica claro que não existem condições objetivas e eficazes para seguir a
conduta Pilatiana proposta pela COPASA.
III - O
trabalho do profissional de Saúde. A principal função do profissional de
saúde, quando visita uma residência é
orientar o morador sobre as medidas a serem tomadas para destruir os criadouros. Durante
a visita o morador é chamado a acompanhar o profissional de saúde.
Pedagogicamente o profissional de saúde não deveria fazer para, e sim fazer
com, pois é o morador o principal responsável pela
saúde da sua família. Durante o processo de orientação se for encontrado um criadouro
de mosquito este deve ser imediatamente destruído.
Quando não houver a possibilidade de destruição do criadouro no momento da
visita, este deve ser tratado com larvicida. É o que normalmente ocorre com as
caixas d’água, com os vasos sanitários nas residências sem moradores, com as
piscinas, com os vasos de planta, quando
o morador se recusa a retirar o prato. Quando uma caixa é encontrada sem tampa,
a profissional de saúde faz o tratamento e adverte o morador para tomar as
medidas definitivas, ou seja, vedar a mesma. Temos equipes de profissionais
treinados para telar (tampar com tela) caixas d’água quando se percebe que o
morador não o faz.
IV – A crise hídrica e os métodos de Trabalho de combate ao mosquito
- Destruição dos Criadouros: A regra é não deixar o mosquito nascer e para isso os criadouros tem que ser destruídos, entretanto quando reservar água de forma improvisada passa a ser meio de sobrevivência como destruir estes criadores?
- Na ultima semana uma enfermeira da Estratégia de Saúde da Família em vista a uma residência deparou com uma situação de armazenamento de água de forma inadequada e advertiu o morador para tomar as medidas de resolução do problema. Imagine o que aconteceu? O cidadão passou mal.
- E aí? Qual a conduta? Repetir a
postura da COPASA e dar uma sugestão Pilatiana, apenas para lavar as mãos.
- Tratamento com Larvicida: Quando o profissional de saúde não consegue destruir os criadores ele trata com larvicida. Em geral a caixa d’água fixa tem em média 500 e ou 1.000 litros e o profissional de saúde já tem uma medida para estas duas situações. A multiplicidade de reservatórios de vários tamanhos desconstrói a pratica do profissional que não consegue autorização do morador para destruir os criadouros bem como não pode colocar larvicida neste reservatório móveis
- Sobre o uso de larvicidas convido a todos para ler a Nota técnica produzida pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) sobre microcefalia e doenças vetoriais relacionadas ao Aedes aegypti: os perigos das abordagens com larvicidas e nebulizações químicas – fumacê.
Por fim, convido a todos a ler o Relatório da ARSAE – Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de
Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais – ARSAE-MG. É um Relatório de
Fiscalização que descreve e detalha um diagnóstico das condições técnicas
e operacionais da prestação dos serviços de abastecimento de água, a cargo da
COPASA - MG, na sede do Município de Ubá. Esta fiscalização foi realizada em
fevereiro de 2013.
São bem vindas as orientações da COPASA, desde que
sejam exequíveis e eficazes. Seria bem vido para diminuir os impactos de uma
possível epidemia de Dengue, Zica e Chikungunya nos próximos meses que a COPASA
anunciasse (na conta ou na mídia) que conseguiu diminuir as perdas que são
próximas de 40% (ver relatório ARSAE). Com esta medida nós poderíamos estimular
a população a desfazer dos reservatórios improvisados, porque se teria a
garantia que não ia faltar água.
Outra medida de combate ao mosquito da
Dengue de Cabe a COPASA seria a implantação de tecnologias que permitisse
realizar as manobras de forma informatizada para levar a água dos poços a todas
as regiões da cidade, assim a população ficaria confiante para desfazer do
armazenamento improvisado. Outro dia em vista ao Bairro Schetino um morador
disse que estava sem água há uma semana. Ele achava que o funcionário da COPASA
devia ter se esquecido de abrir o registro, que em Ubá ainda feito apenas de
forma manual. Ele estava ligando para
pedir que o registro fosse aberto.