O Sindicato dos marceneiros não descarta mobilizações e paralisações nas próximas semanas.
"Na
luta entre os fortes e fracos, entre ricos e pobres, entre senhor e servo é a
liberdade que oprime e a lei que liberta". Henri Dominique
Lacordaire.
As negociações vêm se
arrastando deste setembro do ano passado, com rodadas de conversação, assembleia
de ambos a lados até que no ultimo dia 19 de fevereiro o Ministério Público do
Trabalho entrou como mediador, já que as partes não acordaram, e ao que
tudo indica não vão acordar. A judicialização será o próximo passo.
Nos últimos anos a negociação entre os
moveleiros e seus “colaboradores” têm se tornado difícil e judicializada. A
negociação 2016/2017 só foi concluída em 22 de junho de 2017, com
quase dez meses de atraso, por meio de decisão judicial e após declaração
de greve pela categoria, com inédita paralisação de várias fabricas de móveis
no município e derrota do INTERSIND, guando a categoria do trabalhadores obteve reajuste de 9% e manutenção de todas as conquista anteriores.
A contraproposta patronal, objeto da discórdia,
que será apresentada na assembleia de hoje dia 22, já foi rejeitada por unanimidade em assembleia anterior e seguramente será rejeitada novamente. O INTERSIND pretende reduzir o acréscimo nas
horas extras realizadas em dias de sábado e domingo para 70% em relação a hora normal,
quando hoje é de 100%. O acréscimo nas horas extras dos dias normais (segunda a sexta-feira) é de 70% e
o INTERSIND pretende reduzir para 50% do valor da hora normal. O Sindicato
patronal quer também a supressão da clausula que obriga que as rescisões contratuais
para os trabalhadores com mais de seis meses de casa sejam feitas no sindicato.
A clausula mais cara aos trabalhadores
que o INTERSIND pretende alterar é a que regula o Banco de Horas. Os
trabalhadores admitem o banco horas mediante acordo coletivo por empresa com um
ritual de aprovação pelos trabalhadores e o patronato quer livre negociação
direta com o trabalhador, e acordo coletivo apenas quando ultrapassar seis
meses.
Se o conjunto dos trabalhadores da indústria
do mobiliário de Ubá já tivessem assimilado a brutalidade dos efeitos da reforma
trabalhista na vida de seus filhos e familiares, Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017 abarrotavam
esta assembleia de hoje. A apresentação de uma lista de presença com mais mil
assinaturas de associados do sindicato seria um peso excepcional de
representatividade para uma decisão do judiciário a favor dos trabalhadores. Não se
pode esquecer que agora o NEGOCIADO tem prevalência sobre a LEI, ou seja, o que
estiver “fora da lei” na Convenção Coletiva de Trabalho, vale mais que a Lei.
A estratégia do empresariado é aniquilar
o sindicato, tira-lo do caminho, para praticar a livre negociação direta com o
trabalhador (individualmente). São duas as frentes que o empresariado está
atacando: a asfixia financeira retirando e dificultando o acesso aos mecanismos
de arrecadação e financiamento, e a judicialização das negociações acreditando
na insegurança jurídica do momento. Taticamente vão explorar possíveis fragilidades da organização sindical: quórum de assembleia, nº de associados presentes, a autorização individual e expressa do trabalhador, ou seja, as formalidades e burocracias.
Neste
cenário, percebe-se que a discussão monetária imediata tem ficado em segundo
plano. O empresariado ofereceu reposição apenas das perdas inflacionárias que é menos de três porcento, todavia o
trabalhador sabe que se passar o banco de horas na convenção sem controle do sindicato, ou se for entregue
a própria sorte no momento da rescisão contratual, ou ainda se ele tiver que
contratar advogado assistente neste momento, a perda provavelmente será muito maior. A hora de se resguardar é agora,
quando a negociação tem força de lei.
Com relação ao Banco de Horas, a experiência anterior dos trabalhadores de Ubá é muito dolorosa. Até aproximadamente o ano de 2009, quando o banco era livre; a maioria das empresas descumpria a legislação; e o sindicato deixava correr solto, teve caso de um trabalhador ter três mil horas extras num banco de horas. Trabalhava-se de domingo a domingo, tudo no banco de horas. O banco de horas virou caso de polícia e pauta da politica local até que esta diretoria assumiu o sindicato e passou regular e monitorar a execução do instrumento do banco de horas.
A possibilidade de aumento das ocorrências de acidentes de trabalho é a principal preocupação do sindicato caso haja liberação geral do banco de horas e a consequente diminuição do custo
das horas extras. Somente no ano de 2017, sem banco de horas liberado, foram próximo de 20 trabalhadores da indústria do mobiliário que tiveram membros amputados. O
sindicato acredita ser necessário implantar medidas urgentes para estancar esta
verdadeira epidemia.MÁQUINAS SEM PROTEÇÃO E/OU PROTEÇÃO INADEQUADA. PRÁTICA AINDA ENCONTRADA NAS INDÚSTRIAS.

Uma ultima informação é que o sindicato não descarta a possibilidade de realizar mobilizações e paralisações durante as próximas semanas. O presidente do sindicato fez o comunicado ao sindicato patronal durante a audiência pública no Ministério Público do Trabalho.